ELEIÇÕES E O MAPA DA CULTURA...
Assistindo os programas do horário eleitoral ontem (quarta, 06/09), vi
que alguns dos candidatos tocaram, direta ou indiretamente, na questão
cultural. Fiquei pensando num texto do filósofo-educador Rubem Alves, onde ele
fala sobre “mapas” que formulamos na cabeça, para orientar nossos rumos. Diz
ele que “os mapas são criados para marcar
os caminhos, trilhas por onde caminhar no espaço abstrato do mundo. Servem para
nos levar do lugar onde estamos para o lugar onde desejamos ir.” Aplicando
essa definição sobre os Mapas às pistas ontem postas pelos candidatos, não
gostei dos caminhos que marcaram.
Belinati apresentou um tipo de “homenagem” aos artistas, focada em um
artista de Londrina identificado com a música erudita, ou melhor, com um modo
de tratar a música erudita. O processo artístico-cultural de Londrina é
diverso, inclusive controverso. Só há um jeito de tratar corretamente esse
coletivo: ouvi-lo e respeitá-lo em sua diversidade, e homenageá-lo da mesma
maneira. Se a homenagem é o mapa de uma escolha, cabe ao meio cultural
pensá-la...
Cheida falou da degradação da área central e em recuperá-la. Focou em
imagens da iluminação deteriorada e no abandono do prédio da Secretaria de
Cultura. Propôs ampliar a iluminação e a segurança e criar uma integração entre
praças. Isso é válido, mas deixou de falar em programação cultural, fundamental
para a fruição da cultura e a convivência respeitosa da população com nosso
patrimônio histórico edificado. Sem isso, recuperações logo viram degradação.
Foi um mapa sem alma.
Kireff falou dos festivais da cidade. Focou em valorizar o potencial
turístico dos eventos culturais. Mas só citou nominalmente três de nossos
festivais, e temos vários outros, também muito bons. Deixou de falar em valorizar
os projetos culturais com os recursos necessários. Ou seja, seu mapa pensa como
empresário onde a cultura é atrativo para negócios, sem adentrar na destinação
de recursos públicos essenciais para que o processo cultural tenha condições de
acontecer. Os artistas e produtores culturais são profissionais sérios, não
voluntários. A cultura é essencial à expressão e à qualidade de vida, não
apenas atração turística.
Vamos ficar de olho nos mapas...
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