quinta-feira, 6 de setembro de 2012


ELEIÇÕES E O MAPA DA CULTURA...
Assistindo os programas do horário eleitoral ontem (quarta, 06/09), vi que alguns dos candidatos tocaram, direta ou indiretamente, na questão cultural. Fiquei pensando num texto do filósofo-educador Rubem Alves, onde ele fala sobre “mapas” que formulamos na cabeça, para orientar nossos rumos. Diz ele que “os mapas são criados para marcar os caminhos, trilhas por onde caminhar no espaço abstrato do mundo. Servem para nos levar do lugar onde estamos para o lugar onde desejamos ir.” Aplicando essa definição sobre os Mapas às pistas ontem postas pelos candidatos, não gostei dos caminhos que marcaram.

Belinati apresentou um tipo de “homenagem” aos artistas, focada em um artista de Londrina identificado com a música erudita, ou melhor, com um modo de tratar a música erudita. O processo artístico-cultural de Londrina é diverso, inclusive controverso. Só há um jeito de tratar corretamente esse coletivo: ouvi-lo e respeitá-lo em sua diversidade, e homenageá-lo da mesma maneira. Se a homenagem é o mapa de uma escolha, cabe ao meio cultural pensá-la...

Cheida falou da degradação da área central e em recuperá-la. Focou em imagens da iluminação deteriorada e no abandono do prédio da Secretaria de Cultura. Propôs ampliar a iluminação e a segurança e criar uma integração entre praças. Isso é válido, mas deixou de falar em programação cultural, fundamental para a fruição da cultura e a convivência respeitosa da população com nosso patrimônio histórico edificado. Sem isso, recuperações logo viram degradação. Foi um mapa sem alma.

Kireff falou dos festivais da cidade. Focou em valorizar o potencial turístico dos eventos culturais. Mas só citou nominalmente três de nossos festivais, e temos vários outros, também muito bons. Deixou de falar em valorizar os projetos culturais com os recursos necessários. Ou seja, seu mapa pensa como empresário onde a cultura é atrativo para negócios, sem adentrar na destinação de recursos públicos essenciais para que o processo cultural tenha condições de acontecer. Os artistas e produtores culturais são profissionais sérios, não voluntários. A cultura é essencial à expressão e à qualidade de vida, não apenas atração turística.

Vamos ficar de olho nos mapas...

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