quarta-feira, 5 de setembro de 2012


LONDRINA, CIDADE EXPRESSIVA


Estamos vivendo as eleições 2012 para a prefeitura. Que tal nós, eleitores, ao invés de só esperar propostas, também propormos? Apresento aqui a ideia de implantar em Londrina um programa baseado na ideia de Cidade Expressiva, Educadora.
Em Barcelona, no ano de 1990, reuniram-se representantes de diversas cidades do mundo, interessados no desenvolvimento dos potenciais educadores das cidades. Lançaram uma carta destinada internacionalmente aos cidadãos, onde expunham que o desenvolvimento humano nos centros urbanos não poderia caminhar ao acaso, sem diretrizes para aproveitar os recursos de que as cidade dispõem para ações educativas. Cunharam, ali, o termo “cidade educadora” como ideal a ser buscado. De lá para cá, o pensamento sobre as cidades educadoras já foi aperfeiçoado, mas pouco aproveitado. Eis alguns princípios da proposta, destacados da “Carta das Cidades Educadoras”, de novembro de 2004:
- As cidades têm em si forças e condições desagregadoras, assim como potenciais e ambientes para aprendizagem, trocas, partilhas e solidariedade. Trata-se de combater as primeiras aproveitando estas últimas;
- Um dos desafios do século XXI é ativar e orientar os potenciais educativos das cidades através de “um projeto cultural e formativo eficaz e coexistencial”;
- As bases desse projeto implicam desenvolver a criatividade, a responsabilidade, o diálogo, o conhecimento, a comunicação e a integração informativa e tecnológica;
- A Cidade Educadora deve proporcionar a cidadania democrática, experimentando e consolidando formas de participação ativa e direta de seus cidadãos;
- Culturalmente falando, as cidades educadoras devem favorecer a liberdade de expressão e criação e o acesso à diversidade cultural, superando a circulação meramente mercantil da cultura.
Para trabalhar tais diretrizes, temos uma resistência difícil de transpor: a cultura social e política que vê a educação fechada dentro dos muros das escolas e as práticas educativas restritas aos materiais didáticos pré-fabricados. É essencial uma outra visão pedagógica, que estimule a integração da educação das crianças e jovens ao ambiente da cidade. Pessoalmente, chamo de “pedagogias da cultura”, aquelas visões que se baseiam nos potenciais expressivos das linguagens artísticas, na generosa noção de “leitura de mundo” incentivada pelo educador Paulo Freire, nos jogos e brincadeiras acumulados culturalmente pela tradição popular e nos métodos de educação onde o aluno tem papel protagonista. Ressalto que o planejamento de ações e programas nesse sentido deve considerar o  papel fundamental da arte e da cultura, pela diversidade expressiva que proporcionam; pelo incentivo ao protagonismo criativo e pelo desprendimento em explorar e intervir em ambientes e espaços urbanos diversos. Enfim, pela capacidade de arejar a imaginação ao concebermos práticas educadoras.
Londrina tem experiência acumulada nesse sentido. Viveu de 2001 até 2008 a Rede Cidadania, programa que integrou projetos culturais em uma ação arte-educativa em escolas, espaços culturais, associações de bairro, etc. Mais de 250 oficinas aconteciam, envolvendo anualmente acima de 6.000 crianças e adolescentes em atividades de música, teatro, dança, capoeira, hip hop, cultura popular, incentivo à leitura, desenho, pintura, gravura. A Rede Cidadania foi recomendada como exemplo pela Unesco em 2003, e recebeu o Prêmio Cultura Viva do Ministério da Cultura, em 2007, como iniciativa de gestão pública unindo cultura, educação e comunidade.
Proponho adotarmos o objetivo de tornar Londrina “Cidade Expressiva, Educadora”, para melhor aproveitar a identidade que a cidade tem e para clarear o planejamento de ações nesse sentido. Tenho sido enfático ao defender a candidatura de Márcia Lopes por estar na linha de frente nesse caminho. Ela vem destacando a proposta de integração de ações pelas crianças e jovens. Acredito que com a sensibilidade e experiência dela, com as energias culturais e educativas disponíveis em Londrina, e com recursos federais, possamos criar um programa ímpar, exemplar para as cidades brasileiras.

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