sexta-feira, 28 de setembro de 2012

EDUCAÇÃO DIGITAL COM PEDAGOGIAS DA CULTURA



EDUCAÇÃO DIGITAL COM PEDAGOGIAS DA CULTURA

- Uma boa proposta para um plano de governo -


Em período eleitoral, a questão do acesso às novas tecnologias da informação bem que poderia ganhar maior atenção nos programas dos candidatos. Promover a educação digital parece uma ação simples. Não é! A presença de computadores nas escolas, conectados à internet, não garante que sejam bem aproveitados em termos de acesso à informação, ampliação da criticidade e favorecimento à pesquisa e produção de conhecimento pelas crianças e adolescentes.
Um dos mais conceituados estudiosos da relação entre as novas tecnologias e o futuro do pensamento, Pierre Lévy, doutor em Sociologia e Ciência da Informação e da Comunicação pela Sorbonne e pesquisador em inteligência coletiva pela Universidade de Ottawa, adverte sobre a distância que existe entre a evolução técnica e uma apropriação coletiva capaz de desenvolver-nos humanamente a partir dela.
Lévy comenta o caso da França, que nos anos 80 realizou um investimento significativo em informatização do ambiente escolar, inclusive em formação de professores,e  mesmo assim teve resultados aquém do esperado. A explicação é que as instituições educacionais portam uma cultura pedagógica há séculos baseada no falar/ditar onde o professor é a autoridade que controla as iniciativas, as condições e caminhos para o conhecimento, enquanto para as novas conectividades e disponibilidades da informação precisamos pensar relações criativas e uma ecologia cognitiva. Oficinas de orientação e projetos de alcance cultural são parte da implantação das novas tecnologias no ambiente escolar, caso contrário os resultados ficam devendo ao potencial.
Em Ourinhos, tive oportunidade de fazer a coordenação arte-educativa das atividades do projeto Ponto Para Ler o Mundo, que, resumindo, baseia-se na ideia de Leitura de Mundo vinda de Paulo Freire e no uso das novas tecnologias. O projeto desenvolve-se no contraturno e as crianças têm acesso a máquinas fotográficas/filmadoras e computadores com ilha de edição e conexão. Propomos a eles que atuem como jornalistas, produzindo reportagens e entrevistas. Eles debatem temas, levantam dados, roteirizam a matérias e vão atrás de produzi-las, depois de entender o básico da produção jornalística, através do lead (O que? Quem? Onde? Como? Por que?). Não só se respeita a curiosidade como se aguça a atenção ao propor o debate do que é mais importante em torno de cada tema, essencial para a edição.
Bem, esse é só um exemplo, entre uma galáxia de possibilidades que existem nas Pedagogias da Cultura, aquelas que juntam os potenciais expressivos das linguagens artístico-culturais com os pensamentos pedagógicos que estimulam a criação das crianças.
Voltando ao debate eleitoral, vejo poucas menções ao assunto por parte dos candidatos à prefeitura em Londrina. Márcia Lopes tem um ponto no programa de governo, chamado Londrina Cidade Digital, visando dar transparência aos dados da gestão pública, prover ao londrinense  acesso à internet com sinal aberto em pontos diversos da cidade e ofertar educação digital com qualidade nas escolas. Em especial, destaco a educação digital. Não só é muito bem-vinda a proposta, como Márcia a respalda com a noção de que a Cultura deve estar presente em várias ações de seu governo, transversalmente. Ademais, vejo que é a candidatura capaz de gerar e dar sustentação para uma ação desse porte.

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